A Tarefa

Hoje meu filho Caio,

me olhou de soslaio

e me disse entusiasmado:

 – Hoje tem tarefa, fique aprumado!

Vai ter que responder

o que gosta de fazer,

de ler,

de praticar

e seu lazer.

Falar de suas preferências,

esquecer as maledicências…

Essa eu quero ver.

Com um sorriso caloroso,

eu disse ao pequeno moço:

 – Isto vai ser muito fácil.

Não há complicação!

Me dê um papel e uma caneta,

se quiser escrevo na mão.

Mas quando parei para pensar,

me dei conta

que é mais fácil falar

do que não se gosta,

do que daquilo que realmente importa.

Eu gosto de ler,

e não me obrigue a escolher

que livro eu mais gostei.

Sacrilégio decidir.

Se todos me ensinam

com a vida sorrir.

Mas uma coisa posso dizer,

se são biografias, tramas, conhecimento,

traga que vou ler.

Minha música preferida,

São João da Cruz foi inspiração.

Fala do amor esquecido

entre um pai e um filho

The Dark Night of the Soul é o seu título.

De todos os lugares que conheci,

Foz de Iguaçu foi o que eu mais gostei…

E a Espanha antiga,

será um dia a partida

de minha peregrinação.

Pelos Pirineus até Santiago,

onde hei de abraçar prostrado

o santo cujo aniversário

é 25 de Julho,

o mesmo dia em que você nasceu.

Meus alimentos são coisas vivas

que me trazem energia

e abastecem o corpo que Deus me deu.

Se eu voltasse no tempo,

iria até a Grécia,

apenas, para conhecer

o herói Alexandre o Grande

e com ele beber

o vinho dos deuses do Olimpo

e quem sabe fumar um cachimbo

com um famoso detetive

em minha imaginação.

Se eu gosto de esportes?

Só se for luta livre

para ficar mais forte.

Se me der uma melancia,

toda vou comer.

Se for vitamina de mamão,

aí então,

vou tomar tudo,

rápido como um leão.

Mas não pode esquecer

de na vitamina colocar:

linhaça, farinha láctea, Neston e Aveia.

Sem açúcar!

E não, não tem gosto de areia.

Em algumas horas de lazer,

gosto de permanecer

na frente da televisão.

Assistir um filmezinho

com mamãe, você e seu irmão.

Vou te contar um segredo,

mas não fala por aí não.

Quando coloco o lençol no rosto,

não é porque estou com sono não.

É porque estou chorando,

emocionado,

totalmente sensibilizado

com a capacidade do homem superar

qualquer obstáculo na vida

e então aproveitar

o que há de melhor para viver,

para sorrir

para amar.

E assim, meu filho amado, termino este diário

Com as palavras de um filósofo visionário:

 “Aonde irei que não me leve até mim mesmo?”*

Augusto Filho

04/08/2010

* Frase atribuída a Sócrates.

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