Sombras cobrem os olhos
quando na vida vagos são os sonhos.
Lá no monte, a bandeira hasteada,
ardendo como um facho inflamado.
Assombro me invade
no plano da percepção.
Amando o que já não mais vejo,
sorrindo para o que não alcanço.
Chamado ao cume do monte,
não vejo mais bandeira…
Nunca houve bandeira,
apenas a lembrança do que era.
O mastro ainda imponente,
a pintura desgastada
a música do vento,
por meus ouvidos embalada.
Ressurge entre o clamor,
da voz ensurdecedora da agonia,
o grito da garganta silenciada,
o grito do coração desistente.
Oh, quanta ternura…
Quanta solidão….
Quem quer ficar só?
Vagando pelas encruzilhadas vespertinas?
O horizonte é um sonho…
O amor encantamento…
O sorriso um engano…
O filtro da humanidade,
pelo divino escondido,
nada responde, apenas a morte.
…
by Augusto Filho